Alguma coisa acontece... quando se quer comer fora de casa em SP
Um pouco de amor por SP, um pouco de trânsito. A versão paulistana do "um pouco de droga, um pouco de salada".
Farol Verde
Realismo fantástico nordestino, um pouquinho da China e uma pitadinha da Coréia do Sul em SP essa semana.
🐉 Cultura e gastronomia chinesas no Mercadão: A China é o primeiro país homenageado no Festival de Gastronomia e Cultura do Mercadão e, até domingo 22/01, estandes culinários, apresentações musicais tradicionais e lojinhas de produtos típicos do país ocupam os boxes no Mercadão. O evento é o 1º de uma série de 20 que homenageará diferentes países ao longo do ano. Entrada GRATUITA.
🍚 Ano Novo Coreano no Bom Retiro: O Seollal, o Ano Novo Coreano, é uma das festas mais significativas do país e, para celebrar a data, o Bom Retiro estará em festa no sábado, 21/01. Comidas típicas, apresentações de música e dança e até jogos tradicionais para celebrar a chegada do ano novo lunar. O evento acontece na Feira do Bom Retiro e é totalmente GRATUITO.
🎥 Nordestern: Bangue-Bangue à Brasileira: Até 28/01, a Cinemateca Brasileira apresenta mostra de filmes gratuita do estilo conhecido como “bangue-bangue brasileiro”. Os filmes evocam o tema do cangaço e, entre os destaques estão Bacurau e O Cangaceiro. Os ingressos são GRATUITOS e distribuídos 1h antes de cada sessão. Vale dizer também que, durante a mostra, o Café da Cinemateca contará com um cardápio de comidas típicas do nordeste: pudim de tapioca, paçoca de carne seca, cuscuz de palmito, cuscuz de carne seca com queijo coalho e dadinho de tapioca com geleia de pimenta biquinho.
Gastronomia do mundo todo em SP
Por Alana Carvalho, editora do @vivasp_cultura
Essa semana comi uma das coisas mais gostosas da minha vida desde não-me-lembro-nem-quando. Sério, sem brincadeira. Sabores que não estamos tão acostumados no dia a dia, texturas diferentes, ingredientes que juntos nunca imaginei que ficariam tão deliciosos… se puder, apenas vá ao restaurante taiwanês Mapu Baos e Comidinhas!
Após o orgasmo gastrônomico da semana relembrei algo que sempre gostei de fazer, mas que acabei perdendo o costume com a pandemia: conhecer novos e diferentes restaurantes em SP. Como a Carô Besse muito bem disse na edição da semana passada da Alguma Coisa Acontece, São Paulo não é uma cidade óbvia. E, talvez, esse aspecto que São Paulo tem de abrigar e abranger inúmeros e os mais incríveis restaurantes seja uma das coisas não óbvias da cidade. Gente, cadê o pessoal fazendo turismo gastronômico de verdade em SP ao invés de ficar visitando lugar temático que finge que tem comida boa em formato de esponja de lavar louça?
E não estou falando de ir no D.O.M. ou nos restaurantes do Rosewood Hotels, não. Estou falando de restaurantes como o Mapu Baos, que começou como o foodtruck de uma imigrante taiwanesa junto com o filho e fez tanto sucesso a ponto de estabelecerem um local próprio. Comida afetiva feita por gente que, muito mais do que certificações gastronômicas internacionais, tem história com aqueles ingredientes e técnicas.
Em São Paulo é possível encontrar a comida de qualquer lugar do mundo! Então, para te convidar a explorar outros tantos sabores sem sair de SP, listo abaixo alguns dos meus restaurantes favoritos na cidade:
Prato Grego: eles se auto denominam o maior-menor restaurante grego do Brasil e, vou dizer, não estão errados! rs Escondidinho no Bom Retiro, são pouquíssimas mesas e uma comida deliciosa! O lugar andou caindo nas graças de alguns instagrammers e tiktokers, porque lá é possível fazer o ritual da quebra dos pratos, então o recomendado é fazer a reserva com antecedência pelo whatsapp (11) 9.5197-9021. Dica: vá pela comida e, de quebra, aproveite o ritual com os pratos. E não o contrário.
Biyou’z Gastronomia Africana: talvez você se surpreenda com o quão próximos são os pratos africanos e brasileiros (por que será, não é mesmo? #contémironia). Tem muito arroz, feijão e a famosa “mistura”, mas em versões diferentes e com sabores bastante inusitados e sensacionais! Na dúvida, pergunte a indicação do dia e seja feliz!! Há deliciosas opções vegetarianas e veganas também!
Mapu Baos e Comidinhas: se você chegou até aqui e ainda não está convencido a ir, sei nem mais o que te dizer! Entradinhas (a melhor beringela que já comi na vida), pratos, baos, drinks e até sobremesas com caramelo de missô e uma espécie de creme de gergelim adocicado. Se você achar que a combinação é louca demais para dar certo, dá o braço a torcer e se aventura nesses novos sabores. Vale a pena. Mesmo, mesmo.
Restaurante Indiano Tandoor: esqueça todos os naan’s (pão indiano) que você já comeu. O de lá é diferente, um diferente melhor do que qualquer outro que já comi (e olha que comida indiana é uma das minhas favoritas, então já experimentei muito naan pela cidade!). O restaurante tem o forno tandoor original e isso faz toda a diferença no sabor final das comidas. Ah, e tem também várias opções veganas e vegetarianas!
Casa Garabed: a primeira vez que fui, eu jurava que tinha entrado no lugar errado… a entrada é por uma garagem pequenininha, numa rua praticamente residencial de Santana, mas é de longe a melhor esfiha que já comi na vida!! O restaurante armênio está aberto desde 1951 (já entra na categoria de restaurante histórico da cidade?) e não dá nem para explicar o quão deliciosas são as esfihas, kibes e demais quitutes. Só indo para provar mesmo!
E você, tem outras indicações de restaurantes que merecem entrar na listinha? Manda aqui nos comentários para a gente conversar e trocar figurinhas gastronômicas!!
Terça-feira
Por Gabriela Souza, revisora do @vivasp_cultura e astróloga
Abro o olho, um grande 6:10 amarelo pisca para mim. A uns anos, sucumbi a não usar o despertador do celular – tenho um falso analógico que até vai imitando a luz do sol antes de te acordar.
“Quando que tem sol em SP antes das 6 da manhã?”
Olho novamente para o relógio enquanto me espreguiço e vejo, num tom zombeteiro, a palavra TERÇA-FEIRA e sinto que os números, que agora marcam 6:11, estão com certeza rindo de mim. Levanto correndo, escovo os dentes e passo protetor solar, me troco. “É o que tem para hoje” penso enquanto olho a cafeteria com uma certa tristeza, mas logo lembro da média com pão de queijo do Seu Zé na esquina do trabalho. Tento mentalmente fazer as contas de quantos minutos levei para me arrumar e quantos ainda faltariam para dar sete em ponto.
Entro no carro, 6:29 diz o painel. Coração acelera. Antes de ligar o carro, rezo para todas as entidades que conheço para que o caminho esteja livre. Ao sair do prédio, já sei que perdi os segundos de contemplação divina à toa. TEM TRÂNSITO PARA SAIR DO PRÉDIO. Sério, como isso é possível? Eu, na garagem, numa fila de carros esperando o portão abrir.
“Tem coisa mais paulistana que fila?”
Penso no café que não fiz. Não adiantou de nada ganhar esses minutos para perdê-los na fila. Penso na média com pão de queijo como uma luz no fim do túnel. E, após longos seis preciosos minutos, de fato vejo a luz no fim do túnel, dando bom dia ao céu azulado límpido enganoso da cidade quando saio da garagem. 6:35.
“Será que alguém já morreu de taquicardia de nervoso no carro?”
Ok, tenho exatos 25 minutos. Sei onde estão os radares – outra coisa extremamente paulistana – mas tem um na rua do meu trabalho.
Se estiver TUDO LIVRE, todo mundo que mora na cidade tiver decidido dormir um pouco mais hoje, talvez eu consiga. Meu coração acelera quando consigo engatar a 3ª marcha na Marginal Pinheiros, me sinto o próprio Ayrton Senna.
“Existe corrida feminina de Fórmula I? Qual será a Marta das corridas? Preciso acompanhar mais esportes…”
Quando o caminho e o dirigir automático livre entram em ação, meu cérebro vaga por coisas mundanas. Até que para. O cérebro para. O coração para. Por que, lógico, o carro da frente para.
6:42. Ok, 4 km. 18 minutos. Respiro fundo. Ainda tem esperança. Pode ser só… só… não tem farol na Marginal. Não tem blitz esse horário. Não tem redução de pista nesse trecho… Vou ficando sem opções de o que “pode ser”, além do famigerado trânsito ou, pior, um corriqueiro acidente.
Torço para ser só uma paradinha, um pequeno trecho de… ouço a sirene ao fundo. Ainda não desisti mas sinto uma leve afundada na postura como se meu cérebro lutasse mas meu corpo já tivesse entendido que não seria possível.
A sirene passa por mim no acostamento e ouço seu barulho reduzindo… reduzindo… reduzindo… Será que não foi um acidente na minha frente então? Ajeito a coluna com a esperança renovada. O carro da frente anda. Eu sorrio e ando. E, antes de engatar a 2ª, PARO. Estou tão perto da minha saída, só mais um pouquin… SIM! Saí da Marginal! Acredite se quiser, engatei a 3ª na Eusébio (para os íntimos). Não ouso olhar o painel com a hora gigante me julgando. Já basta eu mesma me julgando “terça-feira-terça-feira-terça-feira”.
Agora, só falta o último obstáculo, como o último vilão do video game antes de você zerar o jogo, minha arqui-inimiga: a fatídica Faria Lima (inserir aqui emoji de demoniozinho mal). Arrisco um olhar, quase de relance, para checar a hora… 6:57. AH NÃO.
“Aqui, cabe bem um emoji facepalm, aliás devia ter um nome em portuguê…” O trânsito para. Quero chorar e bater no volante ao mesmo tempo, bem reação de filme mesmo. Mas, no fim, tudo que faço é seguir “dirigindo” por mais três quarteirões. A vontade de pegar o celular para pesquisar qual o nome do ato de dirigir no trânsito é grande mas falta a coragem.
“Mas TEM QUE TER outra palavra. Dirigir implica movimento. Dirigir no trânsito é, portanto, uma contradição… Qual será a palavra?…”
Deixo a mente no automático enquanto a embreagem e o freio se revezam num ritmo enraivecedor até, finalmente, avistar meu trabalho.
7:11 quando passo pelo radar. Abro um sorriso irônico para a foto que sei que está sendo tirada de mim neste momento, enquanto estaciono olhando feio para a pequena câmera cinza como se ela fosse a culpada de eu não ter trocado a hora do despertador a noite passada. Tenho a sensação de ter uma placa grande no pescoço escrito “RODÍZIO” com letras meio tortas. Com certeza essa multa vem – emoji de choro nem começa a descrever como me sinto.
Saio do carro. Entro no Seu Zé e peço minha média com pão de queijo. O Seu Zé olha para mim e deve ver na minha expressão a derrota já vivida hoje. Me dá o dobro de café, na conta da casa. Abro um sorriso e lembro que, sim, existe amor em SP ainda. Aff, não, final brega não dá. A verdade é que agradeço e saio correndo para o trabalho, a última coisa que preciso depois de ser multada é bater o ponto atrasada…
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
“Olha, se eu fosse resumir São Paulo em uma palavra, a palavra seria ‘possibilidades.’ Na cidade de São Paulo tudo é possível. Tudo o que você quiser ser, tudo e todas as pessoas com quem você quiser se relacionar, com quem e o que você quer trabalhar… Acho que as possibilidades são muitas aqui.
Claro, ao mesmo tempo também é uma cidade que te impõe algumas coisas, que te encara muito, né? Você é encarado todos os dias em São Paulo pelas questões da nossa realidade: muito trabalho, a correria e até a violência. Mas cidade grande é isso, né? É sobre isso.
E, claro, é a São Paulo da garoa, nosso famoso apelido afetivo! Hoje em dia nem é mais da garoa, mas se perpetuou com o tempo e aí ficou a coisa mais afetiva mesmo. E, com esse apelido afetivo, temos que lembrar que temos muitas histórias nessa cidade também. São Paulo passou por muitos processos, né? São várias camadas de cidade. A cidade que derruba, constrói, enfim, a cidade que sempre segue em frente!”
Rafael Gushiken é guia turístico, idealizador e editor-chefe do portal São Paulo da Garoa. Você pode acompanhá-lo pela página @spdagaroa e, para quem quer explorar São Paulo ou participar de um walking tour na semana de aniversário de SP, já fica a dica dos tours do Rafa!!
Tours pela Av. Paulista, centro histórico e até por dentro do Shopping Light, antiga sede da companhia de energia elétrica da cidade. Há várias opções de tours gratuitos e incríveis na semana que vem! Confere aqui e aproveite! :)
Nos vemos semana que vem!
O que era para ser uma edição curta, acabou ficando maior do que a encomenda. Aaaah, Santa Graça da Criatividade e suas ironias da vida…
Semana que vem tem aniversário de SP e, culpem o Sol em Aquário da editora, mas sempre achamos meio porre escrever sobre SP no dia 25/01, afinal celebramos a cidade não só nesse dia como também nos outros 364 dias do ano. Enfim, por hora, encarem essa edição como uma homenagem à nossa cidade não-óbvia e nos vemos na semana que vem!!
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Hoje eu comi num restaurante bem gostoso e tradicional de lamen, Misoya, perto do shopping Frei Caneca, e já digo que merece entrar para essa lista!
Um restaurante que merece muito entrar na listinha é o A Baianeira! Mas a unidade original na Barra Funda, que fica num Sobradinho fofo! A unidade do masp é hypada demais e, não sei porquê, mas acho que a comida na unidade original da Barra Funda é mais gostosa hahhahah