Alguma coisa acontece... quando a gente escolhe o que fazer em SP
Menos check na lista de lugares para ir. Mais memórias culturais inesquecíveis.
Farol Verde
A previsão do tempo promete, então bora para a rua passear e festejar!
🎊 Ano Novo Chinês na Liberdade: Nesse final de semana, 04 e 05/02, acontece a tradicional Festa do Ano Novo Chinês na Praça da Liberdade. Apresentações especiais, culinária chinesa, a famosa Dança do Leão e do Dragão e muito mais. GRATUITO.
🥁 Carnavalescos de plantão: O Bloco Afro ILÚ OBÁ DE MIN faz Ensaio Aberto no térreo do MAC USP no sábado, 04/02, e na Ocupação 9 de Julho no domingo, 05/02. Os dois ensaios são GRATUITOS, é só chegar! Já o pré-carnaval na Cervejaria Tarantino, na ZN, recebe a Espetacular Charanga do França, junto com as fanfarras Cornucópia Desvairada e Manada, para um dia inteiro de carnaval no sábado, 04/02. Ingresso na porta custam R$55.
🛍️ Feirinhas Criativas: Está com saudade de uma feirinha de pequenos produtores? No sábado, 04/02, tem a Feirinha Jardim Secreto na Rua Fortunato, 129, Santa Cecília. E no domingo, 05/02, é a vez da Mixtura Criativa ocupar a Rua Áurea, 250, na Vila Mariana.
🎭 Para se programar: O Theatro Municipal está com várias atividades interessantes para além dos espetáculos. Na Praça das Artes é possível visitar a exposição Presente! Presenças Negras no Theatro Municipal de São Paulo (entrada livre e GRATUITA), sobre a presença negra no palco do Municipal desde 1915 até os dias atuais. E a peça de teatro itinerante e imersiva Personagens em Busca de um Autor convida os espectadores a participarem da trama ao mesmo tempo em que circulam por diversos espaços do Municipal. Os ingressos são GRATUITOS, mediante retirada pelo site com 2 dias de antecedência da sessão, a partir das 12h.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Por Matheus Fontes do @vivasp_cultura
Se você esteve ligado de alguma forma ao universo do cinema no último ano, sabe que o filme que dá título a esse texto foi um verdadeiro fenômeno entre crítica e público, a tal ponto de ser um dos principais indicados em todas as premiações da área. Com uma premissa inovadora e um elenco primoroso, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” ressoa particularmente em cada um de nós no contexto social em que vivemos, já que muitas vezes podemos sentir que estamos no centro do nosso próprio multiverso, em que tudo parece escapar do controle.
Esta dinâmica, própria da sociedade contemporânea em que o fluxo de estímulos e informações parece infinito, desabando sobre nossas cabeças à cada feed de rede social que deslizamos, pode nos colocar em uma situação na qual somos puxados para todas as direções à todo momento, e em que tudo parece igualmente urgente e absolutamente necessário, desde estar bem informado sobre o que acontece no mundo até estar antenado nas novidades do campo cultural e nas grandes discussões políticas e filosóficas que estão rolando.
A expectativa de dar conta de tudo, e o fato de não conseguirmos nos dedicar 100% a tudo que nos pede atenção, pode gerar um sentimento contínuo de esgotamento e cansaço. Conversando com meus amigos, parece que estamos a todo momento no final de uma maratona cuja linha de chegada nunca se aproxima, e em que simplesmente parar e recalcular a rota parece impossível.
Mas aí você me pergunta, qual o lugar desse tipo de reflexão está rolando numa newsletter sobre a vida cultural de SP? Bom, em uma cidade do tamanho desta selva de pedra, a sensação de contínua demanda e posterior cansaço pode acontecer também em relação à algo que deveria justamente ser um alívio no meio das nossas tarefas cotidianas: o contato com a cultura. Sempre parece que temos que ir na última exposição bombástica, ou na nova peça revolucionária, ou ainda naquela performance sem igual, e que embora possam ser de fato todas experiências incríveis, vão se acumulando de tal forma que no final estamos fazendo “checks” em uma lista que não tem fim, e nem aproveitamos tanto o que estamos fazendo.
Nos últimos tempos a relação entre o medo de estar perdendo algo (FOMO) e a nossa vida cotidiana ficou em evidência, e esta é uma reflexão que não podemos deixar de trazer também para nossa vida cultural. “Dar conta” da meta de leitura, da lista de filmes, das exposições, das peças, é uma atitude que pode pouco a pouco nos distanciar do verdadeiro sentido de tudo isso: viver um encontro único, singular, com uma janela que me abre pra uma outra visão do outro, de mim e do mundo. Nesse sentido, o medo de estar perdendo algo pode ser trocado pela alegria de não conseguir ir em tudo, e estar bem com isso. Mesmo a gente, aqui na equipe do Viva SP, temos que cuidar sempre para não acabar sendo engolidos pelo tamanho da agenda cultural de São Paulo – e olha que a gente trabalha com isso!
Por isso a importância da curadoria, ou seja, de fazer boas escolhas, que implicam sempre fazer algo ao mesmo tempo que escolhemos não fazer algo. Se a gente esgota tudo, qual o espaço pro mistério, pra novidade, pro museu que não conhecíamos, pro artista que está expondo pela primeira vez, para a peça que nos tira do lugar? E aí, quando entendemos que nunca vai dar para ir em tudo, acontece algo que não está na nossa “listinha de tarefas para cumprir”, e nos emocionamos com um quadro em uma exposição sem saber o porquê, e percebemos que todas as outras experiências que não fizemos não são tão necessárias quanto valorizar aquele momento único que está acontecendo ali.
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
"O ano era 2006, estávamos meu marido e eu, do lado de fora do Teatro Cultura Artística (infelizmente destruído em 2008 por um incêndio, mas a boa notícia é que provavelmente em 2024 terá suas portas abertas novamente), esperando para entrar no espetáculo de Antônio Fagundes, ‘As Mulheres de Minha Vida’.
Eu amo teatro e já vi inúmeros artistas na plateia, mas nesse dia, alguém me chamou a atenção.
Um senhor, de cabeça branquinha, com olhar sereno e expressão de leveza, olhou para mim e sorriu. Eu sabia exatamente quem era e não pude conter meu entusiasmo ao retribuir o generoso sorriso.
Paulo Autran era um homem do teatro e continua sendo um dos maiores atores brasileiros. Ele estava esperando para prestigiar um colega de trabalho e em sua infinita delicadeza, distribuiu olhares e sorrisos sinceros.
Meu marido disse que ele só sorriu para mim porque eu estava quase “comendo ele com os olhos”. De fato eu estava mesmo encantada por estar diante de um gigante (e confesso que senti vontade de lhe apertar as bochechas), mas não foi isso. Ele retribuiu, gentilmente, cada olhar de admiração que lhe foi direcionado. Nenhuma palavra precisou ser dita. Poesia e afeto que nos envolvem e faz com que carreguemos pessoas que não convivemos, carinhosamente, dentro de nós.
Esse momento é uma linda lembrança que durou um instante, mas que levarei comigo por todo o sempre. No ano seguinte, infelizmente Paulo Autran partiu, mas deixou seu imenso legado.
São Paulo, obrigada por me proporcionar viver, diariamente, experiências e momentos como esse, que mesmo que fugazes, ficaram e ficarão marcados eternamente em minha memória." - Thais
“Oi, meu nome é Caio e eu tenho 8 anos. Eu gosto de ir no MASP, porque tem quadro da minha artista favorita, a Tarlisa do Amaral.” - Caio
Thais Garcez é historiadora, pedagoga e mãe do Caio e do Raul.
Caio e Raul são dois pequenos exploradores de SP.
Você pode acompanhar as andanças e passeios dos 3 em São Paulo na página da @thaisgarcez_.
Menos check, mais memórias!
Sim, a gente sabe, é difícil contornar a vontade de fazer listas intermináveis de lugares e coisas para fazer, ainda mais quando as redes sociais te empurram vídeos acelerados, com cenas hiper brilhantes, cortes rápidos e cheios de “lugares que você PRECISA conhecer” a todo momento. Ou, a mais nova trend do momento: isso não é na França, isso também não é Dubai, parece insira-aqui-o-país-que-desejar, mas é São Paulo… 🙄 É, SP é incrível, a gente já sabe.
É um exercício quase diário contornar o FOMO e fazer as escolhas conscientes de onde e o que queremos de fato fazer. Então, que tal aproveitar o final de semana para começar? Não é preciso fazer um roteiro com 5 lugares para ir, basta apenas escolher um programa para o final de semana e ir curtir com o coração aberto! Pode ser ir ver aquela exposição que você ficou a a fim, ou mesmo ir até a esquina de casa conhecer aquele bar novo. O que importa é sair da inércia causada pelo aparente excesso de escolhas e ir curtir com o coração aberto! Então, aceita nosso convite?
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Eu amooo explorar novos espaços, mas não resisto retornar aos que já conheço. De fato, estamos em um momento que o importante é não perder, para não ficar de fora das conversas. Uma amiga foi em uma peça e me disse que eu precisava ir. Não quis nem ler a sinopse hahaha, não por nada, mas esse mês, quero descanso de tantos roles, embora tenha me programado para ir em alguns. Não fui em várias exposições de artistas que amo e está tudo bem! Fazer escolhas é algo difícil, mas necessário.
Alana, também tenho agonia de ter que conhecer tudo, fazer tudo, saber de tudo. Até porque você vai a monte de lugares e não absorve tudo né? Adorei o menos checks! ❤️