Alguma coisa acontece... no final do ano
O que passou em 2022 no cenário cultural de SP e uma espiadinha em 2023
Bingo Cultural 2022
A gente piscou e 2022 praticamente terminou! Nesse clima de final de ano é quase impossível não fazer o balanço de 2022, então para te ajudar e relembrar tudo o que você fez, visitou, viu e conheceu no cenário cultural de SP, trouxemos um BINGO CULTURAL!
É só baixar a imagem, imprimir e marcar os lugares que você visitou ou as atividades culturais que você fez em 2022. Se preferir, pode subir a cartela de bingo nos Stories e fazer suas marcações também! Aliás, se compartilhar nos Stories, não esquece de marcar o @vivacultura_sp que a gente adora acompanhar as andanças de vocês por aí! 🥰
E aí, será que você faz BINGO?
Farol Verde
Clima natalino tardio e um olho já em 2023:
🎄 Natal no Parque Ibirapuera: O Natal do Parque Ibirapuera segue até o dia 26 de dezembro, com iluminação da árvore e apresentações dos shows natalinos todos os dias às 19h30, 20h30 e 21h30. GRATUITO
🎄 Natal no Parque Villa-Lobos: Já a decoração de natal e a árvore no Parque Villa Lobos permanecem abertos para visitação GRATUITA até o Dia de Reis, 06/01.
🌳 Caminhada Noturna na Cantareira: Que tal um passeio diferente para começar o ano cultural de 2023 com o pé direito? No dia 07/01 acontece a 3ª Caminhada Noturna na Floresta, que percorre a Trilha da Pedra Grande até o mirante, no período da noite. Um passeio completamente diferente e uma vista noturna linda de SP! Necessário comprar ingresso com antecedência pelo site oficial.
🗓️ Atenção aos horários de final de ano: Muita gente aproveita o recesso de final de ano do trabalho para visitar as exposições nos museus e equipamentos culturais da cidade. Antes de sair de casa não esqueça de checar pelas redes sociais se o museu ou centro cultural que você quer visitar está aberto. Importante manter no radar também que todos os equipamentos culturais fecham nos dias 24, 25, 31/12 e 01/01, ok?
Gal, tradução do Brasil
Por Matheus Lima do @vivacultura_sp
Viver a cultura é sobretudo viver encontros. Nas experiências culturais, cada um é envolvido em uma relação com algo externo, seja andando pelas galerias de um museu e ficando encantado com uma obra inesperada, seja sentado em uma cadeira do SESC e sendo levado para outras emoções pela música do show: a arte tem esse poder de nos fazer encontrar outros mundos, outras realidades, e sobretudo, nos faz encontrar a nós mesmos.
Justamente por essa dimensão do encontro ser tão essencial para a vida cultural, sentimos tão fortemente quando a pandemia nos impediu de viver a possibilidade da presença física. Ainda que as múltiplas plataformas, lives e outras ferramentas tenham diminuído um pouco a saudade, o corpo sentia falta de viver livremente pela cidade. E também por isso, 2022 se tornou um ano carregado de muita expectativa pelo encontro, tão adiado, com os amigos, com a família, com a cidade, com a cultura.
Para mim não foi diferente. Comecei este ano querendo viver ao máximo tudo o que São Paulo poderia oferecer: ir em cada exposição, ver cada peça nos palcos, aplaudir cada show que eu pudesse me programar para ir. Essa vontade imensa vinha de dois lados – desse acúmulo de expectativa depois de dois anos trancado em casa, como também da necessidade que eu sentia de cada vez mais valorizar e preservar a nossa arte quando ela era tão atacada socialmente.
Foi nesse contexto que tive o encontro mais forte – com a música de Gal. Gal Costa, voz tropicalista, baiana, cosmopolita, que passeia com tanta facilidade entre a suavidade da bossa nova de João Gilberto ao rock em que duela com a guitarra a plenos pulmões. Gal, verdadeira síntese de tudo o que o meu coração valorizava enquanto potência da cultura brasileira. Gal, tradução do Brasil.
Gal invadiu minha vida ainda na pandemia, aos pouquinhos, com músicas que surgiam nas playlists aleatórias do Youtube, até me chamar mais a atenção e eu começar a ouvir sua obra em loop – cada show, cada gravação que eu entrasse em contato me encantava ainda mais com a força daquela voz. E o desejo, enfim, de vê-la e aplaudi-la só crescia.
Era fins de março quando anunciaram que sua fotobiografia seria lançada em um evento presencial na Livraria da Travessa em Pinheiros. Fui atravessado imediatamente por um desejo doido de virar noite na fila para garantir que conseguiria encontrá-la. Acabei conseguindo dormir, mas acordei cedinho, ainda de madrugada, para ir até aquele espaço que receberia a voz que dominou minha vida pelos dois anos anteriores.
Foram longas horas de espera, desde o momento em que cheguei e peguei a senha até a hora em que um carro preto encostou na guia e abriu as portas para dar passagem à ela. Na fila, muitos e muitos jovens como eu imediatamente aplaudiram quando os cabelos e sorriso característicos estavam há poucos metros de nós. Uma tensão elétrica se espalhou, como diante de uma força da natureza – e era. Estava bem no início da fila. Entreguei o livro à assessora, e observei enquanto Gal escrevia nas páginas uma dedicatória pra mim. Conseguimos ainda tirar uma foto, e quebrei os protocolos encostando em sua mão e dizendo em seus olhos o quanto eu era grato por sua vida e pela sua arte. Poucos segundos que não escapam mais da minha memória – e que até tiveram espaço em seu perfil, quando repostou o post que eu havia feito.
Gal se encantou no último 09 de novembro. Para mim, é ainda difícil pensar que não vou mais encontrá-la nos palcos da vida. Mas fica em mim o sentimento de profunda gratidão pela oportunidade de ter tido com ela um encontro – não só no dia da Livraria, mas em cada show visto, e em cada álbum ouvido. Lembrar dessas coisas todas me emociona. Já diria o poeta que a arte existe porque a vida não basta. E os encontros que a arte nos proporciona ficam em nós, e nos transformam para sempre.
Gratidão eterna, Gal.
Exposições e museus em 2022
Por Rackel de Queiroz, arte-educadora
Quando penso em uma retrospectiva sobre experiências vividas nos museus de São Paulo em 2022, logo me conecto com três olhares: o da lembrança; de quando criança fazia visitas e tinha medo de encostar em tudo, achava bonito , mas ali não parecia meu lugar. O olhar de arte educadora que buscou criar relações mais sólidas com esse tipo de instituição e tudo que ela pode oferecer e, por último, o olhar humano, que se mistura à composição idealista da arte educadora.
Daquela experiência do passado, onde o museu não me parecia lugar de criança, percebi que tivemos uma evolução e um exemplo disso, embora pontual, foi a exposição “ Arte é bom” no MIS. Imaginem uma exibição onde tudo pode ser tocado! Contemplando todos os sentidos, de todas as idades, uma coisa que me chamou atenção foi a fotografia dos artistas juntamente das obras. Nessa fase ainda miúda, isso cria uma identidade com as crianças que frequentam o espaço.
Seguindo nesse túnel do tempo que conecta o ano de 2022 com outras experiências vividas ao longo de uma vida, não posso deixar de contar o quanto me senti contemplada ao observar, interagir e ser atravessada por exposições que trazem o protagonismo de mulheres, de povos originários e afrodescendentes, afinal o museu era um espaço ocupado por outras histórias e narrativas. Dalton Paula : Retratos brasileiros (MASP), Joseca Yanomami: Nossa Terra Floresta (MASP), Adriana Varejão (Pinacoteca) e Histórias Brasileiras (MASP) são algumas das exposições que visitei e continuam reverberando em mim.
Não posso deixar de citar a mostra coletiva no MuBE, ”Por um sopro de fúria e esperança", com a participação de artistas, ativistas, ambientalistas, cientistas… e a pauta urgente sobre os impactos das mudanças climáticas e seus desdobramentos.
E por último, só porque foi a minha última visita a um museu esse ano, aproveito para falar sobre o Museu das Favelas , onde senti o prazer da equipe em participar de uma instituição que conta tanto sobre a nossa história! Uma equipe preparada, aberta, pronta para escutar e responder, dentro de um espaço que de fato mostra a favela como produtora de cultura, inclusive organizando visitas com transporte gratuito para grupos que saem da quebrada.
E por falar em gratuito, devo dizer que todas essas visitas que fiz foram gratuitas (na maioria das vezes às terças- feiras). E já fica a reflexão: seria muito legal se tivéssemos mais de um dia com entrada 0800 nos museus, não é mesmo?
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
“2022 foi um ano repleto de ótimas exposições e aqui vão minhas favoritas:
- Amazônia de Sebastião Salgado no Sesc Pompéia. Belas fotografias e vídeos chamando atenção para proteção da floresta e biodiversidade.
- A Tensão do argentino Leandro Erlich no CCBB. Não conhecia o trabalho do artista e me surpreendeu muito.
- Bispo do Rosário no Itaú Cultural. Uma das mais impactantes que já vi!
Não posso deixar de destacar a reabertura do Museu do Ipiranga. Está lindo, inclusivo e com um mirante maravilhoso.
E um novo espaço cultural que adorei conhecer foi o Museu das Culturas Indígenas. Espaço super necessário resgatando a riqueza da cultura indígena.”
Karina Tanaka é geek, rolezeira, dorameira e A.R.M.Y. Você pode acompanhá-la pelo Instagram @karinastanaka.
Nos vemos em 2023!
Que ano, hein, gente? Depois de altas emoções, reencontros, flertes com o burnout e muuuuuuita programação cultural, todos precisamos e merecemos um descanso!
A Alguma Coisa Acontece retorna na primeira semana de janeiro com o melhor da programação em SP, novos textos, histórias, colunistas e convidados! :)
Obrigada demais a todos que acompanharam o Viva Cultura SP em 2022 e que se juntaram a nós na Alguma Coisa Acontece, mesmo aos 45 minutos do segundo tempo de dezembro! rs Vocês são incríveis!!
Boas festas, bom descanso e inté 2023!
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Me emocionei enquanto lia! Gal deixou muita saudade!