Alguma coisa acontece: no feriado com arte
E quem disse que não dá para curtir o Carnaval sem folia? Curadoria da programação de São Paulo cheia de arte, cultura e história para aproveitar o feriadão!
Farol Verde
Exposições, cinema, lugares históricos e achadinhos! Vem descobrir como aproveitar a cidade sem cair nos bloquinhos de Carnaval.
🔹 A exposição que todo mundo deveria visitar: Registros, fotografias e material audiovisual produzido por não indígenas sobre o primeiro território demarcado dos povos originários no Brasil em 1961, ao lado de obras atuais de cineastas, artistas e comunicadores de povos do Xingu. A exposição Xingu: Contatos no IMS Paulista é um marco na requalificação e reparação histórica desses registros. Exposição SENSACIONAL e com entrada GRATUITA. O IMS abre no sábado, domingo e na quarta-feira de cinzas.
🔹 Dobradinha na Pina: Lenora de Barros: Minha Língua na Pina Luz e Jonathas de Andrade: O Rebote do Bote na Pina Estação. Duas exposições individuais de artistas brasileiros incríveis! A primeira apresenta um recorte da obra da artista paulistana que relaciona corpo e linguagem através de fotografias, vídeos, instalações e performances. Já na segunda, o alagoado Jonathas de Andrade parte do sentimento de desejo pelo outro para discutir relações de poder, disputa e questões éticas. O ingresso para a Pina Luz custa R$20/R$10 (com exceção dos sábados, quando a entrada é GRATUITA) e a Pina Estação tem entrada GRATUITA.
🔹 Capela Sistina no MIS Experience: A exposição imersiva Michelangelo: Mestre da Capela Sistina segue fazendo sucesso no MIS Experience! A exposição estará aberta durante o Carnaval (com exceção da segunda-feira), com o ônibus saindo do Terminal Barra Funda para facilitar o acesso e a tradicional entrada GRATUITA na terça-feira! Explicamos direitinho como funcionam os ingressos gratuitos e o ônibus nesse post aqui.
🔹 Nise da Silveira no Sesc Belenzinho: Daquelas exposições que ressoam dentro da gente por dias, semanas e até meses! Nise da Silveira - A Revolução pelo Afeto ressignifica o conceito de loucura através de um resgate histórico entre os campos da saúde mental e das artes. A
fez um relato muito bonito sobre a visita na exposição nessa edição aqui. Vale a leitura e, depois, ir ver a exposição que tem entrada GRATUITA.🔹 Sonhos e histórias fantásticas com Tim Burton e Marc Chagall: Coincidentemente (ou não) o CCBB SP está com uma programação para lá de especial para quem gosta de boas histórias fantásticas! A mostra O Cinema de Tim Burton apresenta filmes clássicos e consagrados do cineasta com ingressos a R$10/R$5. A programação completa dos próximos dias está nesse link. Já a exposição Marc Chagall: Sonho de Amor traz o universo fantástico do artista russo lado a lado com o todo o romantismo e poesia presentes em suas obras. Contamos tudo sobre a exposição nesse post. A entrada é GRATUITA.
🔹 Achadinho no Ipiranga: Quer um passeio diferente e cheio de charme para o feriado? Que tal conhecer o Sebo Pura Poesia? O espaço que reúne sebo, cafeteria e sorveteria ganhou nosso coração e já figura entre nossos achadinhos favoritos na cidade! Vem dar uma espiadinha em como é!
🔹 Volta no tempo em palacete histórico : A Casa da Don’Anna é um casarão histórico de 1914 no bairro Campos Elíseos. Recentemente a casa foi aberta para visitas guiadas e está imperdível! Os ingressos custam R$20/R$10 e é necessário agendar pelo site oficial da casa. Dá para aproveitar a ida até lá para conhecer também o restaurante peruano Ama.zo, que fica no jardim de jabuticabeiras centenárias da propriedade.
⚠️AVISO 1: A cidade estará repleta de blocos, bloquinhos e blocões (são mais de 500 confirmados), então antes de sair de casa verifique o trajeto e, se possível, vá de transporte público para evitar stress com trânsito e ruas fechadas.
⚠️AVISO 2: Para quem é da folia, nossa seleção de blocos, bloquinhos e blocões será feita pelos Stories do @vivasp_cultura, então fica de olho lá!!
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
“Nesta semana, fui a uma experiência chamada Diálogo no Escuro. Quando ela começou, eu e mais 7 pessoas entramos em um lugar totalmente escuro, e um guia começou a nos explicar o que deveríamos fazer.
Fiquei um pouco receosa ao entrar em uma sala onde não enxergava absolutamente nada. No mesmo momento, me lembrei de quando tive fortes crises de ansiedade, o que aconteceu há anos.
Por um momento, me perguntei se não poderia ter uma crise naquele local escuro. Em menos de um minuto, voltei para a realidade, e me vi muito mais forte, capaz de segurar a minha onda.
Em dois ou três minutos, uma vivência provocou uma viagem no tempo, uma recordação forte, me trouxe de volta e tudo que fiz foi agradecer.
Esta experiência foi tão impactante que não dormi direito, e consegui acessar pontos em mim que estavam adormecidos, e que se misturaram com o que vivo hoje, provocando uma verdadeira transformação.
As exposições/experiências me fascinam por isso: O poder que têm de me transformar, unindo tudo que já vivi, quando despertam sentimentos e memórias, com o que sinto hoje.
Escrevendo, me vem à cabeça o termo ressignificação, tão em moda hoje em dia, mas que uso há tempos, pois sou psicóloga e faço terapia.
Acredito que a parte mais importante no processo de cura seja conseguir falar sobre o passado, mas enxergá-lo de outra forma. Dar outro significado a tudo que foi vivido e que causa dor e sofrimento, ou seja, ressignificar.
E não é que o Diálogo no Escuro fez isto comigo? Pela primeira vez, ao lembrar das crises de ansiedade, não senti o coração acelerar. Me vi capaz de seguir em frente sem repetir, sem dor e sem sofrimento.
Profundas são minhas palavras, intensos são meus sentimentos, mas quando vou a uma exposição, é isto que procuro, e que quero tanto mostrar para as pessoas.
Há menos de um mês, fui à Mostra Nise da Silveira, no Sesc Belenzinho, e saí de lá impactada.
Faz anos que não exerço a psicologia, mas tenho minhas alunas de artes, e sempre falamos que faço arteterapia. Há meses sinto vontade de voltar a estudar, e depois desta exposição decidi fazer a pós em arteterapia, e me emociono ao escrever aqui.
Lendo os textos da Dra. Nise, relembrei de minhas atividade de desenho e pintura com pacientes do CAPS onde fiz aprimoramento por 2 anos, em 1997/1998.
A exposição foi meu empurrão.
Tem vezes que vou a algumas expos onde me identifico tanto com as pinturas, que não quero mais ir embora. Volto a meu atelier com mais inspiração, e uma vontade ainda maior!
Me lembrei agora de quando vi Hilma af Klint na Pinacoteca, e queria sair gritando de felicidade!
Em setembro do ano passado, visitei a Casa Vermelha, de Jorge Amado e Zélia Gattai, em Salvador. Tudo ali me foi tão familiar, que era como se estivesse revendo algo, sentindo de novo, mesmo sem nunca ter ido.
Estas sensações familiares, memórias que são despertadas por coisas novas, começam a fazer parte de quem somos, e ganhamos experiência.
Eu e minha mãe temos um código para minha avó que já partiu, que são as borboletas.
Quando entrei na Casa Vermelha, uma borboleta veio me recepcionar, e quando saí, uma borboleta veio até o portão, como que se despedindo.
Se isso não vem do coração e não acessa tudo que tenho em mim, eu não sei o que é.
Por isso eu amo tanto meus rolês! Sem eles, fico chata e mal humorada, de verdade!
Foram estas experiências que me fizeram conhecer o Viva Cultura, a querida Alana, e tantas pessoas bacanas! Elas também me fizeram criar meu próprio insta de rolês, pois sinto uma necessidade grande de passar para as pessoas tudo aquilo que uma boa exposição pode fazer de bem pela gente!
Sei que às vezes a gente sente uma preguiça de sair, mas passear, para mim, é tão necessário quando fazer exercícios físicos. Faz parte da minha rotina e da minha saúde mental.”
Vero Kraemer acredita na arte como forma de expressão e é psicóloga, artesã e futura arteterapeuta. Você pode acompanhá-la na newsletter
Em tempo, a exposição Diálogo no Escuro é uma experiência única! Os visitantes percorrem ambientes totalmente sem luz e são guiados por deficientes visuais. Uma experiência de diversidade, inclusão, empatia, conexão e integração. Quem vai, não esquece nunca mais. <3 Diálogo no Escuro está em cartaz na Unibes Cultural (ao lado da estação de metrô Sumaré) e os ingressos variam entre R$10 e R$40, dependendo do dia. Nas quintas-feiras a entrada é GRATUITA para todos. Compra de ingressos aqui.
Duas vezes na semana já pode pedir música?
Você piscou e mais uma edição da Alguma Coisa Acontece chegou no seu e-mail! Sentiu falta de outros textos? Então já aproveita para ler a edição da quarta passada e entender por que São Paulo é a cidade das descobertas! Um relato pessoal muito sensível do Vi do
e euzinha (Alana, editora da Alguma Coisa Acontece) mergulhando no universo do Samba da Vela:Enfim, depois de longos 3 anos, o Carnval chegou! Seja para cair na folia, seja para descansar e passear, todos estamos precisando dessa pausa da vida real. Cuidem-se, não esqueçam de beber água, passar protetor solar e checar os caminhos antes de sair de casa.
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Nos vemos na semana que vem com mais histórias, causos, reflexões e curadoria da programação cultural de SP! <3
Alana querida, que honra poder estar aqui com um texto de minha autoria, em parceria contigo, que sigo e admiro há anos! Obrigada por esta oportunidade, e espero de ♥ que seus leitores gostem e aproveitem tudo de maravilhoso que as exposições podem nos oferecer!
Um beijo pra vocês, seguimos juntas!!! ♥♥♥
Já tinha escutado sobre o Diálogos no Escuro e agora fiquei com mais vontade ainda de ir! Lindo relato da Vero!