Alguma coisa acontece: na cidade da impermanência
A cidade muda, a gente muda. Conhecer o novo desde pequenininho, apostar em uma ideia nova depois de grande. Qual a pedida do momento?
A Alguma Coisa Acontece é a newsletter gratuita do canal autoral e independente Viva São Paulo | Cultura e reúne histórias, causos, reflexões, experiências culturais e o que fazer em São Paulo. Afinal de contas, sempre acontece alguma coisa em SP!
A cidade da impermanência
Por Alana Carvalho, editora do @vivasp_cultura
A São Paulo de 2021, não é a mesma São Paulo de 2023. Comércios fecharam, novas lojas e lugares abriram as portas. Pessoas foram e pessoas chegaram. São Paulo é inconstante, impermanente. Até por isso soa quase estranho saber que existe uma loja ainda em atividade no centro de SP desde 1898. Você não leu errado: mil OITOCENTOS e noventa e oito.
Mas, a real, é que até essa loja, a Casa da Boia, mudou com o tempo. A loja que inicialmente tinha uma fundição nos fundos do prédio, comercializava peças em cobre e, reza a lenda, introduziu a boia da caixa d’água em São Paulo, há muito deixou de produzir suas peças em cobre e passou a revender peças hidráulicas de grandes marcas. Verdade seja dita: é preciso mudar e se adaptar para sobreviver ao tempo.
Se cada um de nós muda a cada ano, seja pelo simples fato de adquirir um novo hábito, seja por mudar radicalmente de trabalho e círculo de amizades, seria ilusão nossa acreditar que a cidade seguiria intacta, do mesmo jeitinho sempre, né?
E, quer saber, honestamente não acho ruim a impermanência da cidade. Traz a ideia do novo, do desconhecido a ser descoberto e, querendo ou não, lá no fundo, bem no fundo, quase traz o conforto de saber que se algo está ruim, mais hora ou menos hora, vai mudar.
Programa de criança
Por Thais Garcez (@thaisgarcez_)
Sempre me perguntam onde levar as crianças para passear por SP e a resposta é sempre a mesma: onde você quiser levar!
Lugar de criança, na minha visão, é ocupando todos os espaços culturais e de lazer da cidade. Não precisa esperar a idade certa e nem o local ou o tempo certo para sair com as crianças: apenas saiam!
Levem as crianças para vivenciarem lugares e experiências novas e surpreendam-se com a quantidade de aprendizados que eles irão adquirir.
Temos muito enraizada a ideia de que certos lugares não foram feitos para crianças, mas, vejam bem, se aquele lugar permite a entrada de crianças, por que ainda batemos na tecla de que não é adequado para elas?
Levo os meus meninos em museus, feiras de livros, teatros e cinemas desde muito cedo e sempre escuto as mesmas perguntas: mas como? Eles ficam? Assistem o filme até o fim? E se quiserem ir embora? E se chorarem?… Só tenho uma resposta: Você só vai saber como seu filho vai reagir, levando-o! Não existe mágica. Esta aí uma ótima oportunidade de mostrar para ele que determinados lugares exigem determinados comportamentos (como não poder tocar em obras nos museus, por exemplo).
Eu brinco que, para gostar de comida japonesa, eu comi pelo menos três vezes até me encantar! Para gostar de ler, é preciso… ler! Praticando é que se aprende quase tudo nessa vida e, para a criança gostar de locais culturais, é preciso levá-la.
Eu sempre dou esse exemplo para ilustrar que até nós, adultos, também necessitamos de um tempo para nos acostumarmos com o novo e com as crianças não é diferente.
Não digo para deixar seu filho 2h em um museu ou assistir um filme do início ao fim, porque criança também tem seu tempo e absorve as coisas muito mais rápido do que nós e, talvez, 15 minutos em uma sala de cinema seja o suficiente para ela mergulhar nesse universo novo que se apresenta diante de seus olhos.
Um pouquinho de cada vez e o gosto vem. E se não vier, tudo bem também! O mais importante é respeitar a criança e proporcionar que ela vivencie os espaços.
Crianças são seres curiosos por natureza e o universo que a arte proporciona para elas abre um mundo de possibilidades, de descobertas, levantamento de hipóteses, confirmação e descarte das mesmas, movimentação dos sentidos…
Então, na dúvida, leve sua criança junto! E aproveitem o passeio!
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
“A ideia surgiu de mim e do meu marido. Quando a gente se conheceu, a gente era apaixonado por sebo... aliás, é apaixonado por sebo, né? E a gente tinha essa paixão em comum, então a gente começou a visitar tudo quanto é sebo que a gente podia, em qualquer lugar que a gente fosse passear ou viajar. Antes de procurar um ponto turístico ou qualquer outra coisa, a gente procurava um sebo.
E a gente via que os sebos lá fora eram diferentes, sabe? Tinham um ambiente mais acolhedor, das pessoas poderem ficar mais tempo no sebo. E aí a gente pensou ‘vamos fazer assim em São Paulo também! Por que não, né?’. A gente tem tanto livro lá em casa, tanto objeto de decoração de tantas viagens, de tantas coisas... ‘Vamos montar um espaço? Ah, vamos, então vamos!’.
Só que a gente não tinha tempo suficiente e nem disposição financeira pra poder investir num negócio desse. Largar nossos empregos ou coisa do tipo. Então, no começo, a gente abriu só de final de semana, era só sábado e domingo. Abria poucas horas durante o sábado e o domingo. Depois, só domingo, das 11h da manhã até as 14h... E por quatro anos a gente ficou assim.
E aí, quando a recebemos a notícia de que deveríamos sair daquele ponto comercial na Rua dos Patriotas, foi que a gente tomou a coragem de profissionalizar o negócio. Achamos esse ponto aqui, mas custava quatro vezes mais que lá, então pensamos ‘só com o livro não vai dar pra sobreviver’...
E, bom, já que a gente ia abrir, resolvemos agregar as pessoas do bairro, né? Fomos atrás da Damp (sorvetes) e eles toparam fornecer pra gente, mesmo estando no mesmo bairro que eles. Conversamos com a Cláudia pra fornecer os pães e conversamos com os artistas do bairro pra eles virem fazer obras de arte aqui. A gente foi agregando todo mundo aqui do bairro.
Eu gosto demais daqui (Ipiranga), porque meio que parece cidade pequena, sabe? As pessoas se conhecem, a gente se encontra nas esquinas, na padaria, no restaurante, no mercado... E prevalece esse espírito gostoso de amizade no bairro. Até meu pai, quando vem pra cá, de Taubaté, ele fala ‘ah, aqui nem parece que a gente tá muito em São Paulo, né? Parece que a gente tá na cidade pequena’. Eu concordo com ele, eu acho que o Ipiranga tem isso mesmo.
(...) Venham nos visitar aqui no Ipiranga, na Rua Costa Aguiar, 1112. A gente tá de portas abertas de quarta a domingo, das 11h da manhã às 19h. Tem sorvete, tem café, tem chá, tem drinks, tem sanduíches e tem os livros, claro!”
Gisele Paiva é moradora apaixonada do Ipiranga, caçadora de boas histórias, além de sócia e fundadora do Sebo Pura Poesia.
Farol Verde
Sua dose semanal de arte e cultura para inspirar o final de semana.
🧿 Na Paulista: A instalação-labirinto interativa, imersiva e mucho loca do coletivo assume vivid astro focus (AVAF) acabou de inaugurar no Sesc Av. Paulista e já está causando fortes emoções! A entrada é GRATUITA e vale a visita! Ah, e não esquece de visitar, do outro lado da rua, a nova exposição Além das Ruas: Histórias do Graffiti no Itaú Cultural também.
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