Alguma coisa acontece: guia para se sentir de volta aos anos 80 em SP
6 lugares que te fazem voltar no tempo e sentir um gostinho da década do vale tudo
Nota da editora: É raro, mas vez ou outra todos os astros se alinham e, de uma hora para outra, aquele encontro com os amigos que vivia sendo adiado, acaba dando certo. Foi assim que, num dia chuvoso, daqueles que você nem imagina sair de casa, me vi na pista de patinação do Roller Jam com a Bruna e o Felipe, casal por trás do @experimente.sp. Com rodas nos pés, entre quedas e risadas, surgiu a ideia de fazermos um conteúdo em conjunto resgatando o imaginário dos anos 80 em São Paulo. Meses se passaram, a ideia persistiu e, finalmente, está aqui! Um guia feito a seis mãos e cheio de carinho. Aproveite!
Os anos 80 ainda vivem em SP
Por Bruna e Felipe do @experimente.sp e Alana do @vivasp_cultura
A gente pode não ter vivido os anos 80, mas uma coisa é fato: o imaginário da década do vale tudo segue forte até hoje! Quem, assim como nós, nasceu no final dos anos 80 ou início dos anos 90, foi diretamente impactado por esse imaginário, seja através dos filmes da Sessão da Tarde, os grandes hits sempre tão presentes no rádio e nas vitrolas/playlists em casa durante a infância e até mesmo na chegada tardia de referências, brinquedos e programas de televisão durante os anos 90 (a globalização em tempo real era um sonho distante naquela época).
Para relembrar essa nostalgia gostosa, seja de quem viveu intensamente os anos 80 ou quem foi afetado pelo imaginário criado, fizemos um guia com 6 lugares que te fazem viajar no tempo e sentir novamente como se estivesse nos anos 80. Esperamos que curtam!
🔹BARIO BAR🔹
Popularizado nos anos 80, os fliperamas são as grandes atrações do Bario, com direito a ambiente cheio de neons, barulho de botões e sons em 16 bits. A nostalgia impera por ali.
Os temas das máquinas também evocam tempos passados, incluindo máquinas de rock de bandas como Metallica, AC/DC e Aerosmith, além de presenças marcantes de filmes como Godzilla, Batman e Star Wars. O que torna o Bario interessante é que essa nostalgia é apenas emocional, uma vez que as máquinas estão incrivelmente em perfeito estado, sem nenhum defeito, e incluem ainda diversos lançamentos.
📍 Bario Bar: Rua Coropé, 41 - Pinheiros, São Paulo
🔹PARQUE MARISA🔹
Fundado no final dos anos 80, o Parque Marisa é considerado um patrimônio para os moradores de Itaquera e é capaz de encantar.
Quem cresceu no final dos anos 80 e início dos anos 90, com certeza vai lembrar dos filmes da Sessão da Tarde protagonizados por crianças que visitavam parques de diverssão em bairros ou cidadezinhas do interior e viviam grandes aventuras. Visitar o Parque Marisa é como resgatar os sentimentos de quando se assistia aqueles filmes.
📍 Parque Marisa: R. Dr. Aureliano Barreiros, 183 - Itaquera, São Paulo
🔹CINECLUBE CORTINA🔹
Capas de fita VHS fazem as vias de cardápio e TVs de tubo, no fundo do salão, te levam direto para o passado. Na programação do cinema sempre pintam clássicos que a gente ama dos anos 80 e, claro, as festas regadas a grandes sucessos da década. O Cineclube Cortina, o antigo estacionamento que virou bar, restaurante e cinema de rua, é um prato cheio para os nostálgicos!
📍 Cineclube Cortina: R. Araújo, 62 - República, São Paulo
🔹CONCEIÇÃO DISCOS🔹
A loja de discos de vinil e restaurante da chef Talitha Barros te embala com o melhor da década de 80. Símbolos afetivos de casa de vó, balcãozão para sentar e comer enquanto acompanha o que é preparado pelas mãos habilidosas de Talitha e pratos que são quase como abraços na alma de tão deliciosos. Lugar sem complicação, que te ganha com cada detalhe.
📍 Conceição Discos: R. Imaculada Conceição, 151 - Vila Buarque, São Paulo
🔹ROLLER JAM🔹
Vestir um par de patins, daqueles com as rodinhas uma ao lado da outra (patins quad para os entendidos), já nos transporta instantaneamente para o passado. Adicione uma bela pista de patinação, com luzes, globo de discoteca e clássicos dos anos 80 ecoando nas caixas de som. Poderia ser uma cena do video clipe de Lança Perfume, da Rita Lee, mas é o Roller Jam, que tem duas unidades em São Paulo atualmente.
Além da pista de patinação com toda sua atmosfera nostálgica, a lanchonete ainda oferece a oportunidade de saciar a fome com milkshakes e cachorros-quentes, bem no estilo dos anos 80.
📍 Roller Jam Moema: Alameda dos Nhambiquaras, 1980 - Moema, São Paulo
📍 Roller Jam Mooca: R. Fernando Falcão, 393 - Mooca, São Paulo
🔹MADAME UNDERGROUND CLUB🔹
Fundado na década de 80 como Madame Satã, o clube marcou a cena noturna paulistana por muitos anos. Com clima mais dark e decoração bastante característica, se tornou point de contracultura e influenciou movimentos como hippie, punk e new wave. Ainda ocupa o mesmo casarão da época da fundação, porém atualmente leva o nome Madame Underground Club. Apesar da mudança de nome, a estética e vibe dos anos 80 ainda imperam no local.
📍 Madame Satã: R. Conselheiro Ramalho, 873 - Bela Vista, São Paulo
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
Claro que não poderia faltar o relato de alguém que viveu a década de 80 em São Paulo, né? Para entender como era a relação com a cidade, os deslocamentos e opções de lazer nos anos 80, conversamos com a Priscilla Torelli:
“Eu lembro que a década de 80, pra mim, foi de muitas mudanças na minha vida. Eu estava passando da infância para a adolescência. Estava saindo do primário e, no final da década, eu já estava na faculdade.
Eu morava no Brooklin naquela época e, eu e meu irmão, a gente ficava muito preso no bairro, porque não tinha o que tem de metrô e ônibus hoje em dia. Tô falando inclusive de um período pré faixa de ônibus, corredor em Santo Amaro… né?
Eu lembro bem, em 1986, quando o Brasil perdeu a Copa. Eu estava vendo o jogo num posto de gasolina, com uma grande amiga minha, e a gente ia fazer uma viagem da escola, então estávamos esperando o ônibus da excursão lá.
1985 também foi uma época muito legal. Tinha a Madonna, os bailinhos de garagem…
No começo dos anos 80 eu morava numa ruazinha, era uma casa de esquina e tinha a ruazinha do lado, que era uma vilinha, então, brinquei muito na rua! Coisa que meu filho, que amanhã completa 8 anos, não pode fazer, infelizmente.
Já no final da década, eu entrei na Faap, que era a faculdade que eu queria fazer, e aí eu comecei a ter uma outra relação com a cidade, porque a grana faltava até mesmo pra pegar um ônibus a mais (estamos falando da era pré-bilhete único), então eu precisava andar pela cidade para me locomover. Eu saia lá da zona sul pra ir pro Pacaembu, com apenas uma passagem de ônibus. Parava na Praça 14 Bis e fazia cada dia um caminho pra poder chegar ao meu destino.
O que eu não sabia é que isso iria me ajudar a conhecer a região central de forma única. Era a possibilidade de aprender sobre São Paulo a partir do simples caminhar. E, claro, eu não tinha a menor ideia disso naquela altura do campeonato. Pra falar a verdade, achava até mesmo chato e cansativo às vezes.
(…) E eu ia indo, seguindo meu caminhar. Entrando em cinemas que já não existem mais nos dias de hoje, ou que exibem, agora, exclusivamente filmes pornôs. Era uma transição de uma era. E que sorte eu tive de ir ao Metro, Marabá e os meus saudosíssimos Bijou e Oscarito antes que eles acabassem ou se transformassem a ponto de ficar irreconhecíveis.
(…) Carrego até hoje aquela sensação da juventude e, sempre que posso, ando pela nossa cidade, especialmente aqui na região central.”
Priscilla Torelli é jornalista, mãe, viajante convicta e entusiasta do universo da fotografia. Já esteve em 58 países e em 19 estados do território nacional, mas é o centro de São Paulo e, em especial, a Vila Buarque, que tem lugar cativo no seu coração. Desbravadora das “portinhas” e achadinhos na região, é a voz e carisma por trás da @vilabuarque, a melhor página para ficar por dentro de tudo o que acontece pelo bairro.
Farol Verde
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Até semana que vem!
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Fliperamas e discos 😍 deu para sentir a vibe dos anos 80 daqui! Amei essa edição!