Alguma coisa acontece... em São Paulo!
São Paulo plural e o último final de semana cultural na cidade
Farol Verde
O fim do ano está aí, mas ainda tem muita coisa acontecendo na cidade! Vem ver os destaques para os próximos dias:
🎲 Drag Bingo na Casa 1: Uma noite repleta de risada, performances e muito fervo, comandada por Ikaro Kadoshi e Paola Di Verona, em campanha para ajudar a fechar as contas do ano da Casa 1, centro de acolhimento da comunidade LGBTQIAPN+. Sábado, 17/12, das 18h às 22h - Evento aberto e GRATUITO. Cartelas do bingo e drinks vendidos no local.
🎄 Festival de Natal de São Paulo: O tradicional Festival de Natal no centro de São Paulo segue até 21/12 com programação GRATUITA. Projeções mapeadas no Mosteiro de São Bento, Balé nas Alturas no Ed. Matarazzo, shows e, claro, visita e apresentações do Papai Noel.
🏢 Feira Talentos do Planalto: Oportunidade única para visitar o Ed. Planalto, um dos mais belos prédios de Artacho Jurado na região central. No sábado, 17/12, das 11h às 19h, acontece a feirinha Talentos do Planalto no terraço e salão de festas do edifício com acesso livre para todos. Necessário levar RG para acesso ao edifício.
🎥 Mostra Infanto-Juvenil de Animação na Cinemateca: A Cinemateca apresenta sessões gratuitas de curta e longa-metragens animados até domingo, 18/12. Aliás, no domingo acontece sessão ao ar livre de A Viagem de Chihiro, do Studio Ghibli, às 18h30. Ingressos são liberados gratuitamente 1h antes das sessões.
Nossos universos paralelos em SP
Por Alana Carvalho do @vivacultura_sp
Não faz muito tempo, me peguei no meio de uma conversa com uma carioca de 20 e poucos anos que estava em São Paulo havia poucos meses. Obviamente não demorou muito e caímos no assunto sobre as diferenças entre morar em SP e Rio de Janeiro.
A rotina sempre corrida em São Paulo ao lado da vida cultural agitada. A natureza exuberante do Rio e a consequente obsessão por praia. As coisas de sempre, não é mesmo? Porém, algo que ela falou sobre o convívio com as pessoas me chamou a atenção. De acordo com ela, no Rio de Janeiro o grupo de amigos era sempre o mesmo independente do programa, enquanto em São Paulo ela tinha grupos de amigos diferentes para cada atividade. Tinha o grupo do trabalho, as amigas que sempre faziam academia e aulas de esporte com ela, os dois amigos que eram a companhia certeira nas exposições, a turma das festas alternativas e por aí vai.
Foi aí que me peguei pensando que, sim, eu também tenho grupinhos diferentes para cada atividade e programa. E o mais louco de tudo foi me dar conta de como esses universos paralelos criados por mim mesma, com exceção do meu aniversário, nunca colidem ou se encontram.
Pouco encanada que sou, comecei a perguntar para outras pessoas se o mesmo acontecia com elas e encontrar cada vez novas pessoas que se davam conta dessa peculiaridade da vida paulistana. E foi assim que criou-se um daqueles mistérios sem respostas do tipo “quem veio primeiro: o ovo ou a galinha?” na minha cabeça: será São Paulo tão grande, plural e diversa que nos induz a criar micronúcleos para dar conta de viver na imensidão dessa cidade, ou será que é São Paulo que reflete a nossa própria complexidade e forma múltipla de ser?
Um passo de cada vez
Por Lu e Vi do @lgbtrip_
Caminhar livre e tranquilamente pela cidade deveria ser um direito de todas as pessoas. Mas sabemos que não é. Mesmo em uma cidade como São Paulo, que se vende como um território tão diverso e para todos – e que, em comparação a outras cidades, realmente é.
Nosso direito de ir e vir sofre as mais diversas intervenções. Sejam essas barreiras, físicas ou simbólicas. Não é raro (infelizmente) encontrar espaços que deveriam ser públicos, mas cobram valores que impedem a maioria das pessoas de conhecê-los. Outros que, mesmo sendo patrimônios históricos, não abrem suas portas nem uma única vez ao ano. Há também os olhares que nos constrangem e nos impedem de nos sentirmos tranquilos, seja por estarmos vestindo uma determinada roupa, de mão dada com uma pessoa específica ou pela cor da nossa pele.
Apesar de todos esses buracos que deixam o trajeto mais difícil, existe algo que ninguém pode (nem consegue) parar: nossa caminhada por todos os lugares de São Paulo! Afinal, a cidade é nossa e, por isso, vamos continuar ocupando cada pedacinho dela. Nem que seja um centímetro quadrado por dia.
Nossa força não fica só no discurso. Se hoje temos o Museu da Diversidade Sexual reaberto, o Museu das Culturas Indígenas funcionando a todo vapor e o recém-inaugurado Museu das Favelas é porque levantamos questionamentos no passado. Ou melhor, fizemos algo muito além disso: ocupamos espaços, resistimos a retrocessos e com isso ganhamos representações institucionais – antes ocupados unicamente pela elite. E sabe o melhor? É apenas o começo.
Esse aqui será nosso espaço para lutarmos, lado a lado, por mais avanços e para ampliarmos as vozes de São Paulo antes apagadas. Vamos nessa?
Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
“Olá, sou Emily Borges, formada como técnico de guia de turismo desde 2017 e tenho especialidade em turismo cultural pelo Senac. Trabalho como guia na cidade de São Paulo desde 2018, principalmente pelo centro histórico.
Conhecer a história de São Paulo é entender que foi uma cidade de imigrantes que vinham em busca de muitos sonhos aqui. Como guia gosto muito de mostrar isso quando levo as pessoas para conhecerem a cultura e história da cidade, principalmente porque eu sou paulistana, mas filha de um mineiro com uma baiana. Me sentia deslocada porque tenho a mistura das 3 culturas, mas eu entendi que é isso que compõem a cidade. Todo mundo tem a cultura de alguém que se transforma no que São Paulo é hoje. Então, sim(!), alguma coisa acontece no meu coração quando eu posso passar para os turistas o meu olhar da cidade e que podemos ver beleza onde muitas vezes as pessoas só veem rotina.
O lugar que eu gosto muito de contar a história para as pessoas é o Edifício Martinelli. Realmente é o prédio que eu mais gosto no centro. Eu acho que o Martinelli, a história do prédio junto com ele (Giuseppe Martinelli), é uma prova de empreendedorismo mesmo. Que você tem que lutar para conseguir o que quer e provar para as pessoas. Geralmente quando eu estou contando sobre a história dele, os olhos das pessoas ficam assim, fissurados, sabe? É uma história muito de conquista, né. No final das contas tem uma parte ruim também, então é realmente uma prova de como é a vida de verdade.”
Por hoje é só, pessoal!
Sabe aquela máxima “antes feito, do que perfeito nunca feito”? Pois é, esse é o mood do final do ano por aqui, então excepcionalmente a edição de estreia acabou saindo no sábado mesmo (quem manda querer lançar projeto e newsletter nova em dezembro, né minha filha?).
Semana que vem a gente volta na quinta-feira, o dia correto de envio da Alguma Coisa Acontece, com novos textos, colunistas e convidados! :)
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Eu adorei esse texto! Eu tb tenho grupos de amigos para diferentes tipos de programas, mas nunca tinha parado para refletir sobre isso. Muito sucesso com a newsletter!