Alguma coisa acontece: a história de amor que começou com um post da Pinacoteca
Como não se estressar nos eventos e festivais gratuitos em SP e a história de amor de um escritor e uma artista visual.
Claro, só você, viu?
Por Alana Carvalho, editora do @vivasp_cultura
São Paulo tem 12 milhões de pessoas. E eu fico chocada com como tem gente que acha que os grandes eventos culturais em São Paulo (ainda mais os gratuitos) não vão lotar… Tem hora que tenho que me segurar muito para não soltar um “alecrim dourado do campo, claro que você foi a única pessoa dentre os 12 milhões de habitantes de São Paulo que teve a brilhante ideia de ir nesse evento gratuito e aberto ao público num sábado à tarde!”.
Óbvio que o evento gratuito e literalmente na rua vai lotar. Assim como o último restaurante/bar badalado do momento ou as salas de cinema no final de semana de estreia do filme da Barbie. E que bom que lotam! Isso significa que as pessoas estão curtindo, se divertindo e aproveitando a cidade. Como produtora cultural posso dizer com bastante convicção: não tem maior tristeza do que um evento cultural (ainda mais gratuito) com pouco ou nenhum público…
A gente gosta de enfrentar multidão ou horas na fila de espera? É claro que não! Mas, já partindo da premissa de que São Paulo tem muita gente (muita mesmo) e, certamente o local estará cheio, é possível se programar para não passar stress. Vai a um festival ou evento na rua, no parque ou na praça, com entrada gratuita? Chega cedo, se possível, antes do horário do almoço. Tudo sempre lota depois do horário de almoço. Sabe aquela máxima da volta da praia “ah, a gente almoça e depois sobe a serra?” e, obviamente, todos tiveram a mesmíssima ideia, então é um trânsito infernal na volta? É exatamente isso o que acontece com qualquer evento, exposição, festival ou atividade cultural em São Paulo.
Ainda sobre eventos e festivais em parques vale mais um lembrete: leve uma canga ou cadeira de praia. Você sabe que estará cheio e não vai ter lugar para todo mundo sentar, então para que passar stress à toa? Já vai preparado com uma canga na bolsa ou mochila, assim você se acomoda em algum cantinho do gramado e consegue aproveitar.
Quer muito ir no restaurante que acabou de inaugurar ou na última cafeteria que viralizou no Tik Tok? Tente ir durante a semana. Se não for possível, verifique se dá para fazer reserva antes de sair de casa. Caso nenhuma dessas opções dê certo, tente chegar no horário de abertura do local ou tente ir fora do horário de pico, vulgo almoço/jantar. Chegue às 18h ou após as 22h30 naquele bar que você tanto quer conhecer.
Depois de uma semana longa de trabalho, todo mundo só quer curtir em paz. Se organizar direitinho, todo mundo consegue aproveitar numa boa e garantir bons momentos.
👀 Perfil SP:
A cada semana, um pouquinho de SP pelos olhos de quem vive aqui.
Quem nunca brincou de imitar uma obra de arte num museu? Essa brincadeira, repostada pela página de um dos maiores museus da América Latina, foi o ponto de partida de uma história de amor entre um escritor e uma pintora. Diego nos conta como tudo aconteceu:
“Em um dia qualquer de isolamento social na Pandemia - já que naqueles tempos perdemos a noção dos dias -, rolando o feed da Pinacoteca de São Paulo, me deparei com um post de uma garota imitando a pose do quadro A Pintura (Alegoria) de Almeida Júnior. As cores do vestido dela ornando com a paleta da pintura, os braços e as mãos idênticos ao movimento retratado na obra, me encantei.
Adicionei aquela garota e para minha surpresa ela era pintora! Em suas postagens havia quadros e desenhos, e havia também fotos dela, era linda. Assim que tive a oportunidade, respondi um de seus Stories e, enfim, pude puxar papo com aquela garota de olhos encantadores.
Trocamos mensagens diárias pelo Instagram e falamos sobre arte. Para minha surpresa, ela conhecia muito sobre os principais movimentos artísticos dos quais eu sou fã, e conhecia profundamente vários pintores, suas obras e suas histórias particulares. Comecei a me apaixonar em segredo. Me mostrou então uma obra dela, uma releitura em aquarela do busto do rapper Sabotage. Disse a ela a minha impressão subjetivamente e ela adorou - de fato era uma obra incrível de muito potencial.
Enviei meus textos e poemas a ela mensalmente, uma espécie de assinatura particular que ela adorou. Entre tantos assuntos relacionados à arte, chegamos até Dom Casmurro. De praxe tivemos nosso debate, "E aí traiu ou não traiu?". Mostrei-lhe a banda Beirut - uma das minhas favoritas - e a música Elephant Gun que toca na série do romance produzida pelos canais Globo - sequer imaginava que seria uma de nossas músicas hoje.
Certa madrugada em que não conseguia dormir recebi uma mensagem sua que me deixou de queixo caído: o início de um esboço da cena dos ‘Olhos de cigana oblíqua e dissimulada’. Sim, cada vez mais me via apaixonado pela garota que sequer tinha conhecido pessoalmente.
Uma manhã no trabalho, vários dias depois, recebo um pacote. Abro e me deparo com a sua obra em aquarela finalizada, aqueles ‘Olhos de cigana oblíqua e dissimulada’ eram inspirados nos olhos dela, e foi a primeira vez que os encarei tão de perto. Não acreditei que ela tinha me dado aquele quadro, e pendurei-o na sala da minha casa. Àquela altura era indispensável a ideia de conhecê-la pessoalmente, e enfim marcamos nosso primeiro encontro.
"E aí, pontual", eu disse ao me aproximar e vê-la no horário marcado me esperando em frente ao prédio do Centro Cultural FIESP, na Paulista - o que dificilmente tormou a se repetir rs. Fomos até um barzinho e passamos uma tarde deliciosa.
Eu havia ganhado uma aposta dela num clássico entre São Paulo e Palmeiras - sim, ela é palmeirense para meu azar -, e a surpreendi ao entregar um pacote no qual ela achava que era parte da aposta a ser paga, como uma camisa para ela vestir ou algo do tipo. Mas não, era um livro de um dos pintores favoritos dela, Mucha.
E, quase no final do nosso encontro, demos nosso primeiro beijo. Depois de um tempo tornamos a nos encontrar, dessa vez na Casa das Rosas para um café, e após, a peça Uma Unidade Astronômica, no mezanino do Centro Cultural da FIESP. No meio da peça, senti meu coração acelerar pela primeira vez e me indicar que havia algo diferente. Enquanto segurava a sua mão, tocou Only Time, de Enya em uma das cenas, e ali senti, com as suas mãos nas minhas, que estava apaixonado de verdade por aquela pintora.
Foi inevitável o pedido de namoro. Numa tarde de domingo na minha casa, após um almoço especial, assistimos ao empate de São Paulo e Palmeiras, e no final do jogo, deitados no sofá quase na hora de ela ir embora, a pedi em namoro, e ouvi como resposta o "sim" que me deu o privilégio de ter como meu amor aquela pintora que um dia imitou o quadro na Pinacoteca, e que sequer imaginou que um escritor iria ver aquela foto e se apaixonar”.
Daiane nos contou também alguns dos lugares favoritos do casal em São Paulo:
“Tem três lugares que são muito importantes pra gente.
A Pinacoteca, já que foi o principal lugar que tornou possível a gente se conhecer e saber da existência um do outro, mesmo que de forma virtual. Foi o ponto de partida.
O Centro Cultural FIESP, que é onde nos vimos pela primeira vez pessoalmente e que hoje em dia temos o costume de ir todo o mês para assistir alguma peça de teatro.
E por fim, a Casa das Rosas que foi o nosso segundo encontro, e que adoramos tomar um café por lá.”
Diego é escritor, Daiane é artista. Ambos são apaixonados por arte, literatura e, claro, experiências culturais. Você pode acompanhá-los em @daisenhando e @diegodoprado_.
🚦 Farol Verde
Sua dose semanal de arte e cultura para curtir a cidade:
🎤 Festival Latinidades: Até domingo, no Centro Cultural São Paulo e no Museu das Favelas, acontece o Latinidades, o maior festival de mulheres negras da América Latina. Shows, oficinas e debates, tudo GRATUITO, para comemorar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana Caribenha. Programação completa aqui.
🍦 Sorvete como obra de arte: Nesse final de semana, 22 e 23/07, acontece na Pina Contemporânea a ativação de obra Escala de Cinzas, de João Loureiro. Uma das obras mais curiosas do acervo do museu propõe a fabricação e comercialização de sorvetes de diferentes sabores produzidos em seis tons de cinza e servidos em casquinhas na cor preta. Daquelas oportunidades únicas e especiais!
❄️ Festival de Inverno de Paranapiacaba: O Festival de Inverno de Paranapiacaba, acontece nos dias 22, 23, 29 e 30 de julho, na vila inglesa de Santo André. O festival conta com shows, exposição e várias outras atividades GRATUITAS, além do visual deslumbrante da antiga ferrovia da região. Programação completa aqui.
Para mais experiências culturais, vale a leitura da edição especial com o nosso compiladão cultural:
Beijinho, beijinho, tchau, tchau!
Já deu para perceber que a gente adora uma boa história de amor com arte e dates culturais no meio, né? Caso queira mais relatos cheios de afeto, recomendamos a leitura da história fofíssima dos arquitetos Luciana e o Vinicius e o inesquecível pedido de casamento da Duda para a Mareu. <3
Semana que vem, a gente volta com novas histórias, reflexões, causos e experiências culturais em SP. Muito obrigada por nos ler!!
Quer nos ajudar a fazer a Alguma Coisa Acontece chegar até mais gente? Não deixa de indicar para os amigos!!
A Alguma Coisa Acontece é a newsletter gratuita do canal autoral e independente Viva São Paulo | Cultura e reúne histórias, causos, reflexões, experiências culturais e o que fazer em São Paulo. Afinal de contas, sempre acontece alguma coisa em SP!
Excelente!!!